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O Que Interlagos Significa Para Mim?

31 October 2024
8 Min Read

Imagine a cena: você está no pódio em Interlagos, São Paulo. Você está envolto pela bandeira do Brasil, com Valtteri Bottas ao seu lado esquerdo.

Abaixo, milhares de fãs apaixonados celebram e comemoram a cada gesto seu. Agora, a surpresa – o seu nome não é Lewis Hamilton. Você é Leo, Estrategista de Pista do time da Mercedes de Formula 1.

Esse dia inesquevcível, em meio a uma intensa disputa pelo título mundial da Formula 1 em 2021, se sobressai na memória de Leo fazendo de Interlagos um lugar tão especial para ele.

“Foi a minha primeira vez no pódio da Formula 1. Para qualquer um que trabalha no esporte e já teve a chance de estar lá, isso representa o pináculo da carreira”, diz ele.

Embora Leo tenha nascido em uma cidade a nove horas de Interlagos – próxima da capital federal, Brasília – ele cresceu compartilhando o imenso orgulho que o país sente em ser anfitrião de um Grande Prêmio de Formula 1.

“Uma corrida no nosso país natal tem um significado especial. É a mais avançada competição automobilística do mundo e, quando ela visita o nosso país, isso cria um elo”, adiciona.

“Isso a torna realidade, algo que podemos vivenciar. Não é mais só algo que a gente vê na televisão”.

E para Leo, a reputação de Interlagos se estende muito além das fronteiras brasileiras.

“A maioria dos fãs, se perguntados sobre quais são os circuitos mais tradicionais, dirão que Interlagos está na lista”, ele diz.

“Seja como fã ou como engenheiro, para mim Interlagos está no mesmo rol de circuitos como Suzuka, Silverstone, Spa – circuitos dos quais ninguém cansa de falar. “Eu diria que todo fã de Formula 1 tem uma memória relacionada a uma corrida em Interlagos.”

“Tendo sediado 40 Grandes Prêmios desde 1973, e coroado seis campeões do mundo (includindo cinco em sequência entre 2005 e 2009), não é difícil entender o porquê.

A memória mais antiga que Leo tem da Formula 1 remonta ao milênio passado, e a história de amor com o filho pródigo do automobilismo de São Paulo, Ayrton Senna.

“A primeira temporada que eu me lembro de assistir foi 1999”, ele conta.

“O efeito e o legado de Ayrton ainda eram muito latentes. Assistir Formula 1 era um evento quase religioso.”

Uma constatação que se provou verdadeira para ele anos depois, quando sua mãe, levando Leo, foi visitar amigos no domingo à tarde. “Ninguém naquela casa se diria fã, mas era domingo e, então, a televisão estava sintonizada na corrida”, ele recorda. “Eles não estavam assistindo ao programa de auditório, ou o filme da tarde – eles estavam assistindo o Grande Prêmio!”

“Foi o ano em que Juan Pablo Montoya mostrou a todos seu talento e estilo. Ele ultrapassou o Michael [Schumacher], e depois abandonou a prova após colidir com um retardatário!”

Daí em diante, as memórias começam a fluir da mente de Leo.

“2003 foi uma corrida maluca, afetada pela chuva e interrompida por uma sequência de acidentes. Eu me lembro bem da Curva do Sol e como vários carros perdiam o controle, inclusive Michael Schumacher.”

“A câmera foi da pista para a área de escape, e lá estavam cinco carros, todos parando no mesmo lugar”.

“Kimi [Raikkonen] cruzou a linha em primeiro mas, no fim, quem ganhou foi o [Giancarlo] Fisichella, e eles trocaram os troféus na semana seguinte.” “Além disso, impossível não se recordar dos triunfos de Alonso em 2005 e 2006, Kimi em 2007. Em 2008, o primeiro campeonato de Lewis e o contraste entre a euforia e a decepção nos boxes. E depois Button em 2009”.

Passaram-se cinco anos desde o título de Jenson – o primeiro para a fábrica em Brackley – até que Leo, agora chegando ao fim do seu curso de Engenharia Mecânica em Campinas – cidade a 90km de São Paulo, pôs os pés em Interlagos pela primeira vez.

A experiência de estar no circuito que ele passou décadas a assistir pela televisão foi melhor do que ele esperava, e serviu de motivação para Leo chegar onde está hoje.

“Foi quando eu pensei, pela primeira vez, ‘isso é real’. Não é um sonho, e acontece bem aqui no Brasil.”

“Eu havia feito meu estágio na fábrica de motores da Renault, em Viry-Châtillon, na França, e com isso consegui uma credencial para visitar o paddock na quinta-feira”.

“Era minha primeira vez em um evento de Formula 1, e minha primeira vez observando o que significava trabalhar na pista. Isso definitivamente ajudou a acender uma chama interior, uma ambição de um dia trabalhar na Formula 1.”

Não só o esporte, mas o circuito em si deixou uma clara memória em Leo.

“Dependendo de qual arquibancada você está em Interlagos, você consegue ver quase metade da volta, devido às grandes mudanças de elevação. Isso torna Interlagos ainda mais legal.

“De dentro do paddock, você consegue ver o miolo quase todo. Na maioria dos circuitos, não dá pra ver nada do paddock! Isso ajuda a tornar a pista especial.”

Interlagos tem tudo que um piloto pode esperar em termos de desafio e emoção. E essa adrenalina certamente pode ser sentida do pitwall.

“É uma corrida bem difícil para nós porque a volta é muito curta, por volta de um minuto e dez segundos”, diz Leo.

“Então a cada minuto você precisa decidir se precisamos fazer um pit stop ou não, se precisamos reagir a algo.

“E o tempo para tomar cada decisão é muito curto, o que traz uma pressão adicional. Mas é bem divertido ao mesmo tempo.

“Os pilotos estão sempre girando o volante em uma ou outra direção em Interlagos. Não tem descanso”.

A jornada de Leo na Formula 1, que havia começado com seu estágio em P&D na Renault, não teria um segundo capítulo até 2017, quando ele se juntou ao time da Mercedes no cargo de Engenheiro de Estratégia de Corrida.

Por acaso, havia outra pessoa também vivendo o seu primeiro dia em Brackley.

“Eu comecei no mesmo dia que o Valtteri [Bottas]. Uma das minhas primeiras tarefas foi uma compilação de largadas para a pré-temporada dele. Ele acabou ganhando três corridas aquele ano, então eu tive esse sentimento de fazer a diferença desde o início”, adiciona Leo.

“Antes de começar na Formula 1, eu não fazia ideia de quanto trabalho era dedicado à estratégia.

“Mas eu logo percebi o quanto eu gostava dessa área. Foi uma dessas coincidências que a vida nos reserva às vezes,” ele reflete.

Na Segunda vez em que Leo entrou no paddock de Interlagos, ele tinha consigo uma visitante de honra.

“Eu tive o prazer de trazer minha mãe comigo ao paddock em 2018,” ele diz.

“Dar a ela a oportunidade de vivenciar um pouco de tudo aquilo foi uma sensação extraordinária.”

Naquele fim de semana, houve mais motivos para comemorar. A vitória de Lewis, com Valtteri em quinto, foi suficiente para garantir o quinto título seguido de Construtores do time, o segundo de Leo. E a festa foi à Brasileira.

“Todos nós assistimos o Shov dançar samba no pódio! Ele começou um pouco nervoso mas mandou bem.”

“Havia alguns sambistas profissionais no pódio depois do champagne, e tanto Shov quanto os pilotos entraram na dança!”

E quando Leo voltou a Interlagos, foi a sua vez sob os holofotes, nos ombros de Lewis e Valtteri em 2021.

No ano seguinte, mais sucessos com a primeira vitória de George – talvez a mais doce após uma temporada muito difícil para o time. Mais que a vitória, uma dobradinha.

“Aquela vitória nos trouxe um alívio, acima de tudo. Todos nós havíamos trabalhado como nunca naquele ano.

“Ao contrário de 2021, nós tivemos de aprender a fazer estratégias contra sete outros times, não só contra o Max. E aquela vitória em 2022 valeu todo o esforço.”

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